sexta-feira, 4 de maio de 2007

A Cabala e a Árvore da Vida


O termo Cabala significa, literalmente, “Receber”, e designa uma doutrina mística seguida pelos Judeus Ortodoxos. A sua origem permanece por esclarecer: os historiadores atribuem as suas raízes ao século VI a.C., mas na tradição Judaica Ortodoxa, acredita-se que a Cabala data do tempo de Adão, e constitui uma revelação divina destinada aos homens “de Bem”. Outros estudiosos acreditam que a Cabala ultrapassa, em antiguidade, a própria Revelação Judaica, remontando aos tempos pré-históricos. Segundo esta versão, Moisés teria simplesmente introduzido na história de Israel um conhecimento esotérico há muito existente.

Os princípios cabalísticos incluem a ideia de que Deus não é o Criador directo do Mundo: tudo resulta de uma série de Emanações sucessivas, provenientes da Fonte Primordial. Cada Emanação é menos perfeita que a seguinte, de modo que Deus resulta da primeira, e a Matéria da última, mais remota e menos perfeita das Emanações. “O Universo é Deus manifesto […], a Matéria, a privação de perfeição”. Segundo a Cabala, as almas humanas existiam mesmo antes da origem do mundo actual, num Plano Superior, e é nesse plano que permanecem antes da encarnação e onde é decidido em que corpo terrestre cada alma irá habitar. Após uma ou mais encarnações, todas as almas devem estar purificadas de modo a serem reabsorvidas pelo Deus Infinito. Para tal, uma vida humana é normalmente insuficiente; duas vidas humanas são o necessário para a maioria das almas. Falhar numa segunda vida obriga a uma terceira, na qual a alma é ligada a outra, mais forte, que obriga o “pecador” a purificar-se. Quando todas as almas tiverem encarnado e atingido a perfeição, então os Anjos do Mal serão também purificados, e todas as vidas serão fundidas na Divindade, e o Universo Manifesto deixará de existir.

A Árvore da Vida é um conceito inerente à Cabala, utilizado para compreender a verdadeira natureza de Deus e a forma como Ele criou o Mundo a partir do Nada. Este conceito foi convertido num modelo da Realizado: a Árvore da Vida é entendida como uma espécie de “Mapa da Criação”.

A representação gráfica da Árvore da Vida consiste num diagrama onde estão representados os 10 atributos (ou Sephirot) criados por Deus para manifestar o Universo em termos físicos e metafísicos.




1. Keter: O Infinito

Planeta – Plutão
Corpo humano – Alto da cabeça, coroa
Potencial – Resolver a busca interior, atingir a revelação, a inspiração divina, o Entendimento, a união com o Infinito.




Keter é a coroa da Árvore da Vida, o ponto de assimilação de todo o trabalho espiritual. Representa o plano Divino, o Espírito, a Vontade, a Inspiração. Keter é a origem de tudo, incluindo o que ainda não se manifestou; o objectivo da evolução humana é precisamente estabilizar a consciência colectiva ao nível desta esfera. O triângulo Keter – Hokhmah – Binah representa o equilíbrio de três forças, Amor Espiritual (Binah), Vontade Espiritual (Hokhmah) e o Ser Infinito (Keter), que pode ser comparado à Santíssima Trindade da tradição cristão: Pai, Filho e Espírito Santo.


2. Hokhmah: A Revelação

Planeta - Neptuno
Corpo humano – Face esquerda
Potencial – Desenvolver o sentido de objectivo e de iniciativa, manifestar o plano universal no mundo, génio, lógica, transformação.

Hokhmah, a “Consciência Oceânica”, é a segunda esfera, a Sabedoria para além da Razão, das palavras, a inspiração divina penetrando na nossa percepção: dá acesso a novas ideias, a novas formas de ver o Universo, a novas visões de nós mesmos e dos outros.




3. Binah: A Razão

Planeta – Saturno
Corpo humano – Face direita
Potencial – Desenvolver o auto-controlo, o silêncio, o secretismo, a compreensão imparcial, o amor objectivo.

Binah é o reino do puro entendimento, a componente feminina da divindade. É a primeira esfera do reino transpessoal, onde começa a distinção entre “Bem” e “Mal”; é a inteligência divina que, por caminhos ocultos, se converte em algo de concreto, traduzindo as ideias da Hokhmah em forma, estrutura e palavras.


4. Hesed: A Partilha

Planeta – Júpiter
Corpo humano – Ombro esquerdo
Potencial – Desenvolver o amor profundo, a ternura, a abundância, o respeito, o entusiasmo, o optimismo, a segurança, a confiança, o sucesso, a generosidade, a gratidão, o conhecimento, a aprendizagem.

Hesed representa o desejo de dar, de contribuir com algo de útil para outros, as nossas necessidades espirituais e religiosas, e forma um triângulo com Tifaret e Gevurah: o equilíbrio entre Generosidade (Hesed), Julgamento (Gevurah) e Coração (Tifaret). O desequilíbrio por excesso do Hesed resulta em fraqueza emocional, credulidade, melancolia, vitimização e masoquismo.


5. Gevurah: A Competição

Planeta – Marte
Corpo humano – Ombro direito
Potencial – Utilizar correctamente a Vontade e o Poder, em auto-defesa e confrontação, com coragem, sentido do dever, obediência a uma autoridade superior, e auto-controlo.

Gevurah é a força feminina que contém e canaliza a energia de Hesed, força masculina e energia emissora. Quanto mais se fôr capazes de viver uma vida interior que não depende dos outros para a afirmação de “vitórias pessoais”, mais próximo se está da humildade. A dependência alimenta o orgulho. O desequilíbrio por excesso da Gevurah produz crueldade, perversão, sadismo, dependência do trabalho e desejo de vingança.





6. Tifaret: O Equilíbrio

Planeta – Sol
Corpo humano – Coração
Potencial – Desenvolver a beleza, a harmonia, o equilíbrio, a consciência; devoção ilimitada, cura, liberdade, meditação, realização, renascimento, redenção, transcendência.

Tiferet é o centro da Árvore da Vida, o ponto onde o Reino Mundano encontra o Reino Espiritual, onde a personalidade, no seu percurso de ascensão, primeiro se aventura no reino da Alma, e o espírito, descendente, primeiro se “divide” e se torna físico. No Tiferet, dá-se o encontro com o Eu Superior, e aprende-se a sacrificar os desejos menores. É a integração de uma realidade superior na vida quotidiana.





7. Netzah: O Sentimento

Planeta – Vénus
Corpo humano – Quadril direito
Potencial – Desenvolver talentos artísticos, e a verdadeira comunicação, concentrar-se em escutar os outros; explorar os mistérios da sexualidade; criar harmonia, beleza, charme.

Netzah é o Reino do Sentimento, dos desejos do Ego, mas também da perseverança e da determinação. Netzah (o Sentir) forma, com Hod (o Pensar) e Malkuth (o Corpo), o triângulo do Aqui e Agora, que rodeia o Yesod (o Passado inconsciente, repleto de memórias e condicionamentos).



8. Hod: O Pensamento

Planeta – Mercúrio
Corpo humano – Quadril esquerdo
Potencial – Desenvolver a mente, a linguagem, as capacidades de ensino e aprendizagem, o raciocínio matemático, as tecnologias de informação; experimentação, concentração, visualização, destreza, inventividade, sentido de humor.

Hod é o Reino do Pensamento, da Comunicação, da Razão e da Honestidade. Está ao mesmo nível de Netzah, e é onde se faz a escolha entre ascender ou descer: a forma como lidamos com os nossos pensamentos determina o sentido da nossa evolução.


9. Yesod: A Fundação

Planeta – Lua
Corpo humano – Ventre
Potencial – Descobrir os mistérios dos níveis astrais, trabalhar com os sonhos, sentir os mecanismos ocultos que operam no Universo, ligar ao Plano Divino; fantasia, instinto, memória, mistério, purificação, rejuvenescimento, sedução, transformação.

Yesod é o Passado que carregamos connosco, de modo inconsciente, com todas as memórias que acabam por condicionar os nossos pensamentos e actos no Presente. Yesod é o domínio do conceito budista do “Samsara”: o ciclo contínuo de nascimento e morte, de reafirmação da existência. É no Yesod que as energias vindas do Malkuth são canalizadas para o sephirot mais adequado, Hod (pensamentos) ou Netzah (sentimentos).


10. Malkuth: O Corpo

Planeta – Terra
Corpo humano – Sola dos pés
Potencial – Descobrir o mistério do Mundo Físico, aprender a ser paciente; cura física e vitalidade; ultrapassar a preguiça, cuidar do corpo.

Malkuth é o Domínio Terrestre, assim como Keter é o Domínio Eterno: em cada um há uma semente do outro. Malkuth é o Reino da Terra, do Corpo, das sensações físicas imediatas. É aqui o início, onde a Alma está unida à origem e surge o primeiro desejo de separação, a necessidade de individualização; só no Tifaret, centro da Árvore, voltará a surgir o desejo de reunião à Origem.



Fonte: The Tree of Life

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